24 de setembro de 2008

Nunca Imaginei

Nunca Imaginei que seria possível escrever para uma pessoa que eu amo. Acho que o amor empobrece os escritos quando ele te alegra. Resolvi explorar outros pontos do meu amor e fazer com que ele se torne um assunto poético menos escorregadio que evite cair tanto no clichê. Nessa brincadeira toda, transcrevo uma das minhas tentativas (ou um dos meus erros). O primeiro dos poemas (sim, são vários) que escrevi para ele.

Nunca Imaginei

Nunca imaginei que seria possível
Tudo - e são tantas coisas
Muito mais e isto seria estranho
Nunca imaginei.

Acontecendo, mudando, modificando,
Vendo, vindo, vivendo
Tudo isso - e o resto
Nada mais, pois não é preciso
Nunca imaginei.

A natureza das coisas mostrando
O contrário daquilo que pode ser
Tudo, enfim, e o mundo conspirando
Nunca imaginei.

No contato, as palavras todas
Visual, corporal, ritual
As viagens, memórias, estréias,
Apego, ódio mortal e trilha sonora
Nunca imaginei.

Silêncio quando era preciso
Atitudes, negadas, no agir das coisas
A correia inerte de tudo em volta
Nunca imaginei.

A sorte invertida da procura
O vetor irônico do acaso
Tudo tem vários lados
E quem esteve em todos,
Nunca imaginei.

O pecado aturdido da cegueira
Cataratas de sombra, suor
Esbarrando sempre ao tentar correr
Nunca imaginei.

O tempo todo no desescondido
Visão demais atrapalha ver
Não obstante desaparece tudo
O instante basta ao mundo, mas você,
Nunca imaginei.

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