25 de março de 2009

Desistente

Meu primeiro post após pisar em solo Europeu. Cá estou, atordoada de novidades, desesperada por conhecer tudo e extremamente cansada. Não faz mal.


Hoje, depois de uma conversa com caríssimos brasileños que também estão vivendo em Lisboa, fiquei pensando se não seria melhor chamar o blog de "Dactilografia". Depois do Acordo Ortográfico essa grafia parece um preciosismo e eu gosto disso.

O poema é antigo, melancólico e não se relaciona com meu atual estado de espírito, mas andei lembrada dele. Depois escrevo outro texto menos desacreditado para não pensarem que ando com tendências suicidas em Portugal.

Desistente

A ânsia bate a porta
Tenho nojo
Não mais de mim mas,
do que me tornei.
Preferia a normalidade
Ser alheia
E não ver as coisas
Como elas realmente
Pensam que são.
Dos outros tenho pena
E a pena
É sempre a inveja em ser,exatamente,
Tão pequeno quanto.
Queria eu ser contente
E não atenta
E perceber nas minúcias
Que não há nada ali para ser reparado.
Queria sentir a falta daquele que partiu
Chorar de saudade
E pensar ser completa com sentimentos medianos.
Acima de tudo,
queria ter raiva.
Eu só tenho sonhos,
Apesar
E uma mente pueril, maculada
por mais que nova, já cansada
E dos sentidos,
Desistente.