12 de dezembro de 2009

Convite

Bem, hoje não vou postar nenhum poema, mas sim o Convite para a Cerimônia de Lançamento do Livro no qual terei textos publicados. Meu nome aparece aí na lista de escritores nas categorias Conto e Poesia, é só clicar na imagem para ver em tamanho grande.

Sintam-se convidados!


26 de novembro de 2009

Gare du Nord

E lá venho eu de novo com ótimas notícias!

Este blog me dá sorte. Desde a sua criação sempre tenho coisas boas para contar aqui. É claro que algumas tristezas também me abateram durante a existência dessa página, mas essas eu guardo para mim.

O que tenho para contar hoje é que terei mais dois trabalhos publicados. Estou feliz demais! Outro conto meu sairá em coletânea, dessa vez pela EdUFF (Editora da Universidade Federal Fluminense). Fiquei muito satisfeita pela classificação com o conto, mas confesso que fiquei ainda mais contente porque também fui uma das vencedoras na categoria Poesia. Pela primeira vez terei um poema publicado em livro e a primeira vez, a gente nunca esquece. Segue então o meu poema vencedor, uma singela homenagem à cidade Luz, tantas vezes contada e cantada.

Quem vai a Paris e não se sente artisticamente tocado, não tem coração.




Gare du Nord


Agora desejo partir-me ao mundo
Procuro perder-me entre as estações
Por entre calçadas, homens, nações
Quero o distante, o presente, o profundo

Vou contorcer-me nos ferros dos trilhos
Tantos ferros retorcem na cidade
Deixo na “Gare” o resto de saudade
Adeus ao país, ao passado, aos filhos

No vagão das viagens, vivo só
Não tenho endereço a que me escrevam
Esqueço-me acompanhada de impressos

Apanho o T.G.V. na Gare du Nord
Acerto entre caminhos que se erram
Sem raízes, só me prendem os versos

11 de novembro de 2009

Poema inacabado

Bem, uma postagem por mês é quase bom para quem não tem escrito muito.
Minha produção poética anda em baixa e, coincidentemente, estou com várias idéias para escrever prosa. Há pouquíssimo tempo atrás isso era impensável pra' mim.

Eu sou meio atrasada virtualmente e só ontem resolvi criar uma conta no Twitter. É interessante, embora eu ainda não saiba usar direito. Aos twitteiros de plantão, o endereço é twitter.com/datilografia .

Poema Inacabado

O meu amor é daqueles não definidos
Isso para amor é qualidade
Tudo que é definido
É limitado.
Meu amor é como pena voando no papel
A pena quando vai pro papel não voa
Voa mais do que deveria
Meu amor é vento no rosto
É brinquedo novo de criança nova
É cheiro de mato na viagem
É canção bonita em Dm.
E apesar de tudo isso
Para minha ironia
Não consegui até agora
Definir o meu amor
Ainda bem
Isso para amor é qualidade.

2 de outubro de 2009

Vivem os homens às Artes

Após um longo hiato de postagens devido, principalmente, a minha falta de tempo quando morava na Europa, resolvi recomeçar. Para me dar ânimo, fiz um novo layout para o blog. Eu gostava da antiga aparência monocromática, mas estou atualmente em um estado de alma colorido com tons pastéis e estou bem assim.

Vou postar um poema meu bastante antigo mas acho que se relaciona com a minha atual fase poética. Ando com a necessidade de excesso musical nos meus últimos escritos e já há algum tempo não consigo escrever poemas sem aliterações. Acho que li Cesário Verde em demasia quando estive em Portugal...

Ainda bem.


Vivem os Homens às Artes


Às artes, mais que aos homens, cabem
Respeito ao trabalhar-lhe e Amor no fazer
Pois amor é necessário para se ter
E respeito é necessário com que se tem

Ela exige respeito
Pois possui leis próprias
Que até mesmo desconheço
Mas que, cego, obedeço
Ao tentar contar as histórias
Que lhes são de direito

Não tento fazê-la
Pois já está feito
Tudo aquilo outro
Que no mundo existe
Mas a idéia que persiste
É de transformar em ouro
Todo o bruto conceito
Que insiste em sê-la

Peço somente que me agracie
Que me ceda uma pouca infinitude
Própria, única e sua
Para poder dizer que me pertence
Aquela extensão que me cabe
Mesmo quando se sabe
Que, ao menos, pretende-se
Somente vê-la seminua
Sem minha interferência a amiúde
Para que alguém a aprecie

Dou a ela o que já tem
E que me retribui de bom grado
Pois o que me pede
Além de respeito,
É que em toda minha sede
Não seja eu desatinado
E só use as notas que convém.

Como todo o resto das coisas
Ela só faz questão daquela uma,
E se tudo busca harmonia
Porque então com ele haveria
De ser outra coisa importuna?

Seu equilíbrio então transmuta
No bailar de seus acordes
Baila a pena e a batuta

Vivem os homens à poesia e à música.

25 de março de 2009

Desistente

Meu primeiro post após pisar em solo Europeu. Cá estou, atordoada de novidades, desesperada por conhecer tudo e extremamente cansada. Não faz mal.


Hoje, depois de uma conversa com caríssimos brasileños que também estão vivendo em Lisboa, fiquei pensando se não seria melhor chamar o blog de "Dactilografia". Depois do Acordo Ortográfico essa grafia parece um preciosismo e eu gosto disso.

O poema é antigo, melancólico e não se relaciona com meu atual estado de espírito, mas andei lembrada dele. Depois escrevo outro texto menos desacreditado para não pensarem que ando com tendências suicidas em Portugal.

Desistente

A ânsia bate a porta
Tenho nojo
Não mais de mim mas,
do que me tornei.
Preferia a normalidade
Ser alheia
E não ver as coisas
Como elas realmente
Pensam que são.
Dos outros tenho pena
E a pena
É sempre a inveja em ser,exatamente,
Tão pequeno quanto.
Queria eu ser contente
E não atenta
E perceber nas minúcias
Que não há nada ali para ser reparado.
Queria sentir a falta daquele que partiu
Chorar de saudade
E pensar ser completa com sentimentos medianos.
Acima de tudo,
queria ter raiva.
Eu só tenho sonhos,
Apesar
E uma mente pueril, maculada
por mais que nova, já cansada
E dos sentidos,
Desistente.

4 de fevereiro de 2009

Fogo de Penitência

Poema escrito em 2006. Uma das minhas primeiras tentativas de fazer um texto que dialogasse com Fernando Pessoa. Ao ler recentemente o ótimo texto da amiga e escritora Ana Helena , lembrei-me que havia um dia escrito uma conversa em versos com o professor e que este diálogo devia estar perdido pelos meus arquivos antigos. Um dia devo reformulá-lo, mas deixo aqui o texto tal como foi escrito no meu primeiro ano de faculdade.


Fogo de Penitência


Toda a poesia malfeita se esvairece
A exorcizo em pira inquiridora
E no contorcer de suas chamas brancas,
Se internaliza até chegar ao átomo.

Todas as fogueiras não queimadas
Queimam no amassar do papel
Me atentam agora os sentidos e ouço claramente
No ranger da folha, o carbonizar da lenha

Se alguma Pessoa acha chuva na escrita
Eu afirmo que houve fogo anterior
A própria chuva que não chovia
E então meus olhos descobrem:

A água que cai e leva
Por vezes flui como nascente calma
Por outras, seu rebento lembra maré revolta
Que revolve cada gota e arrasta de volta ao nada.

Meu rosto sua ao segurar o grafite.
Há o medo de que as palavras sejam elas
E não que elas sejam as que queria eu que fossem
E tenham vida, gosto e não me obedeçam.

Toda palavra carrega o mal de ser minha
E eu carrego o dom de ser para elas
E eu as descarrego em fúria sobre a pauta
E elas me carregam até onde eu nunca chegaria sozinha.

Malditos os poetas que me deixaram ter rebanhos
Pois levo comigo a certeza de que há, em mim, um campo de girassóis
E por isso sofro:
Não consigo olhar para todos os lados.

Garanto porém, que se eu conseguisse,
Não estaria cá agora sonhando em poesia
Pois assim perderia tempo
Em sentir as relvas todas do mundo nas minhas mãos

Mas deixem descansar as relvas
Aprendi que só penso que seja maravilhoso tocá-las
Porque nunca em minha vida
Tive a oportunidade de deitar-me sobre elas.

Porém a água abrandou o incêndio
E a cada momento ela se faz mais intensa
E agora sei que é inútil acender fogueiras
Quando a chuva insiste em mostrar que só faz chover

Concluo que o poeta é iluminado pela chuva
E que o sol é o que evapora as coisas do mundo
Deixando-as claras diante dos olhos
Para que elas se reafirmem nos poemas

E que se tudo é nebuloso
Nuvens, idéias, pessoas
Espera pacientemente pelo vento
Que um dia fará derramar em ti.

Malditos os poetas que me levaram a bailes de máscaras
Pois descubro que nunca mais verei almas
E coloco agora a veste que tentaram me tirar Eles mesmos
E espero frente ao espelho branco ver-me nua uma vez

Intuo porém, que caso visse
Ao me deparar com a minha desgraça
Queimaria tal espelho por desgosto
E voltaria à dança por vergonha

Mas deixem bailar o corpo
O corpo de baile, o corpo da bailarina
Pois estes são mais agradáveis de observar
Já que os olhos são cegos para ver.

Então vou-me, vai-se e segue o dia
Como aquele que espera a noite
Cansado por entardecer
No crepúsculo dos anos que se passam

Sinto-me agora como dia que amanhece azul
Daqueles de palidez celeste
Que desponta após a tempestade
E se ilumina como se fosse uma coisa só

E não será mais necessário
Fazer fogo de penitência
Culpando as palavras mal escolhidas
Por um erro que é meu

E na dificuldade de expressar a integridade
Se afirmo que a mim pertence o erro
Ao menos confirmo
Que elas [ainda] são minhas

Então eis que na sensação de escrever o que me guardava
Transbordo os meus nimbus em mim, para mim
E afirmo sem medo:
Eu chovo.