18 de janeiro de 2011

Fluvial

Primeiro poema de 2011.
Como sempre, minha publicação é homeopática, mas esse é meu ritmo.
Eu não lembrava, em absoluto, desse poema que eu havia escrito. Estava em uma pasta do meu notebook junto com roteiros de viagem, reservas de hotel, tabelas com horários de trem e mapas de países Europeus. Em outras palavras, esse poema é uma Narrativa de Viagem (mais para Camilo Pessanha do que para Almeida Garrett).
Um dia ainda reescrevo essa estrofe final, mas fica aí o poema tal qual foi escrito em alguma viela de Veneza.




Fluvial

Entre vielas que se perdem
Nos caminhos que desembocam
Pelos canais que conduzem
No fundo da água reluzem
No fundo da alma recordam
O passado das águas nas margens

Atravesso depressa o Rialto
Não percebo os barcos singrados
O que os homens têm vendido
Os sinais que sigo, errados
O que eu havia esquecido
O sentido sempre inexato

E por aqueles canais estreitos
Com tantas pontes a atravessar
Percebo o estreito no peito
O labirinto que me foi feito
Um mapa pluvial perfeito
Na minha alma a encruzilhar

Seguro em minhas mãos o desespero
As águas me engolem incessantemente
O ar que me falta é sufocante
No vício permanente do meu erro
À sinistra
Afundei-me.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá! Te adicionei no Orkut esses dias. Vi o seu perfil por meio de um passeio por comunidades que culminou naquela criada por você. Então, pude perceber que era uma estudante de Letras (o que eu quero muito ser), que escrevia EXCEPCIONALMENTE bem (o que eu admiro muito, mas, no momento, ainda tento), que já estudou em Portugal (o que também faz parte dos meus planos)...

Ficaria extremamente grata se pudesse me aceitar e esclarecer alguns pontos ainda obscuros acerca da área. Eles me confundem a cada dia mais e me impedem de tomar uma decisão final sólida- o que é algo muito importante e sério na fase pela qual estou passando.

Ah, AMEI o seu Blog e já o acrescentei à lista dos que eu acompanho. Pretendo, inclusive, fazer um também assim que der.

Beijinhos e sucesso!



Camilla Barros.