2 de outubro de 2009

Vivem os homens às Artes

Após um longo hiato de postagens devido, principalmente, a minha falta de tempo quando morava na Europa, resolvi recomeçar. Para me dar ânimo, fiz um novo layout para o blog. Eu gostava da antiga aparência monocromática, mas estou atualmente em um estado de alma colorido com tons pastéis e estou bem assim.

Vou postar um poema meu bastante antigo mas acho que se relaciona com a minha atual fase poética. Ando com a necessidade de excesso musical nos meus últimos escritos e já há algum tempo não consigo escrever poemas sem aliterações. Acho que li Cesário Verde em demasia quando estive em Portugal...

Ainda bem.


Vivem os Homens às Artes


Às artes, mais que aos homens, cabem
Respeito ao trabalhar-lhe e Amor no fazer
Pois amor é necessário para se ter
E respeito é necessário com que se tem

Ela exige respeito
Pois possui leis próprias
Que até mesmo desconheço
Mas que, cego, obedeço
Ao tentar contar as histórias
Que lhes são de direito

Não tento fazê-la
Pois já está feito
Tudo aquilo outro
Que no mundo existe
Mas a idéia que persiste
É de transformar em ouro
Todo o bruto conceito
Que insiste em sê-la

Peço somente que me agracie
Que me ceda uma pouca infinitude
Própria, única e sua
Para poder dizer que me pertence
Aquela extensão que me cabe
Mesmo quando se sabe
Que, ao menos, pretende-se
Somente vê-la seminua
Sem minha interferência a amiúde
Para que alguém a aprecie

Dou a ela o que já tem
E que me retribui de bom grado
Pois o que me pede
Além de respeito,
É que em toda minha sede
Não seja eu desatinado
E só use as notas que convém.

Como todo o resto das coisas
Ela só faz questão daquela uma,
E se tudo busca harmonia
Porque então com ele haveria
De ser outra coisa importuna?

Seu equilíbrio então transmuta
No bailar de seus acordes
Baila a pena e a batuta

Vivem os homens à poesia e à música.

3 comentários:

Tatiana disse...

'tava sentindo falta dos teus escritos. Invejinha branca de quem escreve poesia - e bem pra cacete, diga-se de passagem.

PS: "Letting The Cables Sleep", das adolescências podres pra vida. 'tou contigo.

Nanda disse...

Belas palavras as tuas. Vi teu blog no orkut...
:)
Parabéns

Gustavo disse...

gosto do fato que além, de escrever, tu entende de poesia, e melhor ainda, entende do que escreve.

eu não entendo nada.

todos estamos em fase tons pastéis.
é lindo,não importa.

beijo, moça.